A primeira imagem sobre a Índia é sempre de multidão, trânsito caótico e poluição. Mas, acredite, no norte da Índia existem regiões em que a calma e a cultura budista prevalecem. Assim é Ladakh, localizada entre as montanhas do Himalaia e que é considerada uma das regiões habitadas mais altas do mundo.

Sua capital, Leh, é puro charme e um convite ao desapego do mundo moderno. Esqueça a internet, tecnologias e tudo o que você está acostumado. Permita-se viver a história tibetana que é muito influente na região, conhecer mosteiros históricos, passar momentos de paz ao lado de monges, apreciar as montanhas do Himalaia e desfrutar de uma incrível culinária, predominantemente vegetariana.

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Vista aérea do vilarejo de Leh

Leh está a 3.500 metros acima do mar e, por isso, exige pelo menos um dia de adaptação para acostumar o corpo e evitar indisposição e dores de cabeça. E para descansar nada melhor do que ficar em um hotel confortável e que tenha estrutura.

Passamos 3 dias hospedados no resort Ladakh Sarai, que fica na vila de Saboo, a 10 minutos do centro de Leh. Fomos recebidos com lenços de seda branca, que representam o máximo respeito na cultura budista, e logo percebemos como seria fácil nos adaptarmos à altitude, com tanto mimo oferecido. Aqui o que vale é aproveitar os quartos aconchegantes para descansar, passar horas observando as montanhas do Himalaia, com picos nevados, e curtir um friozinho agradável tomando um vinho.

Aproveitar a gastronomia do hotel também é um ótimo convite. Para nós, foi a porta de entrada para descobrir novos sabores e uma culinária vegetariana bem diversificada, do café da manhã ao jantar. E não pense que você vai encontrar uma comida indiana de restaurante de aeroporto. Aqui a gastronomia, além de ser de alto padrão, é delicada como o restante da experiência da hospedagem.

No Ladakh Sarai você também pode programar os seus passeios, como os tours pelos mosteiros da região, rafting e até mesmo para fazer um trekking pela montanha. E são muitas opções!

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Ladakh Sarai Resort

Mosteiros, palácios e compras no norte da Índia

A dica para explorar cada cantinho de Leh é negociar um taxi que te acompanhe por meio período ou um dia inteiro. Mosteiro é o que não falta na capital de Ladakh. Os pontos turísticos, em sua maioria, ficam em regiões altas. E, pode anotar, em cada canto você terá uma linda vista da região. É realmente muito bonito.

O Thiksey Monastery é o cartão postal de Ladakh. De longe você já vê a imponência da construção que é conhecida por ser muito parecida com o Potala, o grande palácio da capital do Tibete. Aqui você vai se deparar com uma escultura budista gigantesca de Maitreya, feita em homenagem à visita de Dalai Lama em 1970. Não perca a oportunidade de conversar com monges, comprar produtos do Himalaia e, se quiser, provar a comida do restaurante do Thiksey.

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Thiksey Monastery

O mosteiro de Hemis encheu nossos olhos. Parece que a energia aqui é diferente e você sente uma paz indescritível. Ele fica um pouco distante de Leh, a 40 km de distância, e fica quase escondido entre montanhas. Hemis é muito conhecido por sediar um festival anual em homenagem ao fundador do budismo tibetano, o guru Rinpoche. Esta é uma visita que vale muito a pena.

O Leh Palace é também um dos pontos mais visitados da cidade. É a antiga moradia da família real, construída no século 16. São 9 andares e um verdadeiro labirinto. Aqui é um bom local também pra ter uma vista panorâmica dos arredores de Leh.

Com tantos mosteiros em Ladakh – e visitamos apenas alguns – é de fato um pedacinho do Tibete na Índia. Depois de um dia de visitas, não perca a oportunidade de passear pelo centrinho de Leh. É pequeno, mas muito legal pra comprar lembrancinhas, ajudar as famílias refugiadas do Tibete e até mesmo para comer ou tomar um café.

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Este é o mosteiro que mais gostamos em Ladakh, o Mosteiro de Hemis

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Leh Palace, antiga moradia da família real

Vivendo a cultura tibetana

Julley! Essa é a palavra que você mais ouve nos vilarejos de Ladakh. Ela serve para cumprimentar, agradecer, se despedir e abençoar todos aqueles que cruzam a sua frente.

As rotas de trilha passam por dezenas de vilarejos de Ladakh e os caminhos podem chegar a até 8 mil metros acima do mar e com duração de até 15 dias. É claro que a caminhada em meio aos vales e montanhas é incrível, mas viver a experiência das famílias tibetanas tradicionais é algo diferente.

Fizemos o trecho Liker – Temisgang em 3 dias. Conhecido também como “baby trek” – por ser fácil e leve – o percurso tem quase 30 quilômetros, em uma caminhada de 4 horas por dia. Nada que assuste, mas em alguns momentos você pode ficar em dúvida por qual caminho seguir. Por isso, o nosso conselho é que faça o trekking com um guia.

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Vista durante os dias de caminhada

Em cada um dos três dias você dorme e vivencia a cultura budista tibetana em diferentes famílias. Eles vivem basicamente da agricultura e, claro, hospedando os turistas que fazem trekking. Oferecem cama, almoço, jantar e café da manhã por menos de 20 dólares. Banho quente pode ser um pouco difícil, mas procurando você acha.

Pelo caminho você encontra muitas montanhas, multicoloridas e nevadas, alguns pequenos rios, vilarejos e construções budistas.

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Paz, montanhas e mais montanhas

Como e quando ir para Ladakh

Por ser entre as montanhas do Himalaia, a região chega a ser tão fria que entre outubro e maio fica fechada para turistas. Pode-se chegar em Ladakh em 1 hora de voo, partindo da capital Nova Délhi, ou então em uma viagem de dois dias de ônibus. Sim, dois dias em uma das estradas mais perigosas do Mundo. Claro que optamos pelo avião, mas é preciso comprar passagem com antecedência no período de alta temporada.

Encontramos pouquíssimos turistas porque a temporada estava apenas começando, mas dizem que os Europeus têm tomado conta da região em julho. Ir no começo da temporada, em junho, tem seu lado positivo. Hotéis com boas ofertas de preço e atrativos vazios. O lado negativo é que não conseguimos optar por outras rotas de trekking, já que algumas delas ainda estavam fechadas por conta da neve que cobre as montanhas.

Deixamos Ladakh com a certeza de que será um destino muito buscado no futuro. É um turismo diferente, rico em história, mas o que vale realmente é viver a experiência das famílias tibetanas e uma cultura totalmente diferente da nossa. Julley!

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