Por Na Brancato
Quando decidimos ir para o Nepal não sabíamos o que encontraríamos. No caminho do aeroporto para o hotel sentimos que Katmandu mais parecia uma cidade do Egito, com ruas de terra, fios para todos os lados, entulhos, do que uma cidade da Ásia.
Ao chegarmos no hotel, ducha boa com água quente. Já fomos surpreendidos. Na frente da nossa varanda um terreno cheio de entulhos. “Acho que deu ruim aí na frente por causa do terremoto”, pensamos. Jantamos em um restaurante muito bem apresentável, e nos surpreendemos novamente com o centrinho, chamado Thamel.
No dia seguinte fomos até o escritório de turismo do Nepal para tirarmos nossas autorizações para fazer trekking. No caminho, mais entulho. Comecei a desconfiar que a cidade era aquilo lá mesmo, meio inacabada.
Fomos na Durbar Square, um dos principais pontos turísticos da cidade e lá sim vimos as marcas do terremoto. Os templos destruídos ou escorados. Ao mesmo tempo sentimos a cidade voltando a ter vida. Os turistas ainda visitam o local, e o vendedor da feirinha tenta desesperadamente convencer-nos de levar um de seus produtos. Os tuk tuk estão enfileirados esperando os turistas, mas não há muito para onde ir depois dali. A região de Bakhtapur, que era a principal atração está em ruínas. É longe do centro e a gasolina faz o preço da corrida ser exorbitante (na casa dos 50 dólares).
Ainda há esperança de tempos melhores!
Mas não pense você que a falta de gasolina é decorrência do desastre natural. É um problema político com a Índia, país responsável por enviar 70% de tudo que é consumido no Nepal. Os locais dizem que se não houver um acordo, até comida faltará. Pelo que entendi, uma nova constituição foi aprovada recentemente, a contragosto da Índia, que decidiu dificultar a vida dos nepaleses. Um novo primeiro ministro foi eleito na semana que estávamos lá e o povo está esperançoso que bons tempos virão.
O problema do Nepal não foi o terremoto. O problema é um velho conhecido nosso: corrupção. Sabe aqueles bilhões de dólares de ajuda humanitária enviada por todo o Mundo? Pois bem, nada foi feito. Parece que o governo está fazendo, a passos de tartaruga, um novo projeto para que a cidade suporte um novo terremoto. Mas estudos dizem que um outro terremoto ali, vai demorar e muito. O que precisa ser feito é reconstruir a cidade e ajudar rapidamente os que sofreram as consequências, em vilarejos próximos a capital.
O Nepal está seguro, pode ser visitado. Apesar de alguns templos em Kathmandu não existirem mais, a beleza do país continua intacta. Fique 3 dias na capital, visite as construções sobreviventes, aproveite para se ambientar com o climinha fresco que faz à noite. No bairro Thamel é possível encontrar ótimos restaurantes, barzinhos e uma infinidade de lojas com tudo que você precisa para o trekking.