Por Na Brancato
Nunca achei muita graça no outono, uma estação sem personalidade pensava eu. Até descobrir a cidade de Mestia, no norte da Geórgia. Não só a cidade, mas o caminho que nos leva até lá. Por 3 horas me questionei quantas cores podia ter o outono, imagens que eu pensei que eram apenas pintadas por artistas inspirados. Inspirada é a natureza daquele lugar. Um rio de um azul turquesa completava o quadro. Montanhas e montanhas e nós seguindo caminho para o alto delas, mas especificamente na vila mais importante da região de Svaneti, Mestia.
Vejam só, 3 mil habitantes que se dizem ser um dos povos mais antigos do Mundo. Se orgulham de ter preservado seu dialeto e cultura até mesmo na época em que a União Soviética dominava canta cantinho daquela parte do Mundo. Mas lá não. As enormes torres que parecem chaminés podem ser vistas em quase todos os vilarejos da região, e o que no passado serviram de armazém, em tempos de guerras abrigavam famílias e possibilitavam uma visão panorâmica e assim uma antecipação de possíveis ataques. Isso se alguém conseguisse chegar até lá.
Apesar das curvas e das pedras que rolam montanha abaixo e param no meio da pequena estrada, chegar foi até que fácil, mesmo após 3 horas para 150km e diversas paradas para fotos. Mas voltamos após uma noite inteira nevando, e a estrada quase inabitada fica perigosa. Passando Mestia dizem que há outros vilarejos tão lindos quanto, mas para chegar lá só de jipe.
O vilarejo encanta, principalmente se chegar em um fim de tarde ensolarado. Mas não espere muito, ou melhor, não espere nada. Há dois ou três pequenos restaurantes e as atividades diurnas se limitam a uma caminhada para se chegar a um glacial, a visita a uma das torres que funciona como museu ou o moderno museu da região. Há também um teleférico e dizem que no inverno funciona uma nova estação de esqui ali, o que tem atraído mais turistas para a região. E é isso que tem lá. Prepare-se para voltar à época medieval, principalmente se você ficar hospedado nas ruas de cima da cidade, onde ainda são de paralelepípedo e vacas passeiam pelas ladeiras no meio das casas, que são de pedras.
Como ficamos dois dias e apesar de Mestia ter nos recebido com um fim de tarde lindo e ensolarado, o tempo que ficamos lá nevou muito e não pudemos fazer muita coisa. Mesmo assim, ver aquela paisagem toda branquinha valeu muito a pena!
Para chegar à região, a viagem é longa e fizemos com um carro alugado, não sabemos as outras possibilidades de transporte público. A partir de Tbilisi são cerca de 9 horas, e não recomendamos fazer em um dia. O ideal é parar para dormir Kutaisi, cerca de 4 horas da capital. Essa cidade é a segunda maior da Georgia, mas sinceramente não encontramos nada para fazer. Lá nos hospedamos no Old House Hotel, um lugar novinho e muito agradável, com clima de montanha, pertinho do centro. Ele fica nas ruas de pedras, e o dono tem uma casa ali do lado. Pudemos tomar café da manhã todos os dias na casa de sua avó, o que fez nos sentirmos na década de 50. Foi incrível!