Por Na Brancato
Ir para Índia e não fazer uma viagem de trem é como ir à Paris e não ver a torre Eiffel. Sério, não é exagero. Você tem que viajar de trem na Índia!
Os trens da índia são uma feliz herança da colonização britânica, que saiu do país só em 1947. Alguns estudos apontam que é a segunda maior rede ferroviária do mundo, transportando mais de 5 bilhões de passageiros e mais de 350 milhões de toneladas de carga por ano. São mais de 100 mil quilômetros de ferrovia. Imagina só se o Brasilzão tivesse isso tudo de trilho hein?!
E digo mais, não é esse horror todo. Peguei dias do trem Osasco – Grajaú mil vezes pior. Claro que o trem é dividido em classes, e a primeira classe passa longe de ser o que sua imaginação irá desenhar, mas é bem ok. Há primeira, segunda, terceira classe e a classe povão. Viajamos de segunda classe e foi super ok!
Você pode comprar suas passagens pela internet, mas é bem difícil. Eles liberam algumas semanas antes apenas, mas elas logo acabam. Imagina, são 1,2 bilhões de indianos querendo passagens!
O jeito é comprar por uma agência mesmo. Até tentamos ir na estação de Délhi para nos informar, mas assim que chegamos fomos abordados por um cara de uma agência. Entramos no tuk tuk e, quando vimos, já estávamos confortavelmente sentados em um escritório com ar condicionado, comprando nossas passagens. Claro que o valor é mais caro, mas deu tudo absolutamente certo!
Depois de 3 dias as passagens estavam em nosso e-mail, nos dias e horário que queríamos, missão quase impossível de se concluir sozinhos!
Pagamos U$ 246 (cerca de R$ 846) para 8 passagens de trem, ou seja U$ 30 dólares cada. Vale a pena a certeza de conseguir, né? Infelizmente não temos o nome da empresa, mas é só você ficar ali na porta da estação com cara de turistas, que eles vão te abordar. Sei que é pertinho do hotel Radisson da praça Connaugh, uma das principais de Délhi.
Dica das boas: peça para comprar as camas do mesmo lado. A cama de cima dobra para a pessoa de baixo ficar sentada, então é melhor que seja alguém conhecido, né para combinarem quando vão ficar sentados ou quando vão esticar as pernas.
A experiência
As estações de trem são um horror. Gente dormindo no chão, cheiro horrível de xixi, mas não se assuste! Os trens não são assim, mesmo!
Os trens costumam ser pontuais. Nas estações principais eles ficam parados um pouco mais de tempo, mas também não é muito! Quando o trem para, há um papel em cada vagão com o nome das pessoas que reservaram os lugares. Sim, é muito organizado! Na segunda classe são 4 lugares e um na transversal, depois do corredor. Não há porta dividindo os corredores, e passa gente o tempo todo. Claro que não é superconfortável, mas tivemos a experiência de conversar com indianos, que acreditem, seguiriam por mais dois dias de viagem!
Os banheiros são bem difíceis, diria quase impossível de usar, mas isso deve ser em todas as classes. Então não há muito porque você pagar mais para ir de primeira classe. Há vendedores o tempo todo, mas não nos arriscamos. Levamos nossa água e lanchinho. O trem tem ar condicionado e eles oferecem lençóis, ao que nos pareceu bem limpos!
De Agra para Jaipur pegamos um trem que não era cama e sim bancos porque era uma viagem rápida, de 3 horas. Nunca vi um transporte servir tanta comida! Era o tempo todo, bolachinha, lanchinho, tudo muito bom!
Fizemos amizade com alunos que estavam voltando de uma excursão, com uma família que iria viajar por três dias e uma mãe com filho voltando da sua cidade natal. Não só pelo transporte, é uma experiência que vale muito a pena!
Enquanto isso, no ‘Brejil’ não há trem nem de Jundiaí a Itupeva. Até mesmo a linha de Mairinque a Santos (Ana Costa) e Santos a Cajati, que acabariam com os congestionamentos no sistema Anchieta-Imigrantes, não existem mais. Tudo culpa dos bandidos JK, FHC e Alckmin. Acorda Brasil! Alckmin nunca mais!