Por Na Brancato
Nossa viagem pela Índia foi meio sem planejamento, e quase que tiramos a cidade de Rishikesh do itinerário. Muita gente nos falou que deveríamos ir, que era incrivel e blablá, mas também lemos que a cidade merecia no mínimo uma semana. Explico: Rishikesh ficou conhecida depois que os Beatles se hospedaram para fazer um retiro espiritual. A cidade é sagrada para os hindus, mas desde a década de 70 vem recebendo mais e mais turistas que se hospedam em ashrans (retiros para meditação) em busca de espiritualidade.
Lá atrás, ainda no Brasil eu disse: quero ir pra Índia, ficar em um ashram e fazer voto de silêncio por uns dias. O tempo foi passando e eu fui pensando: mas pra que eu quero fazer isso? Em busca do quê? Chegada a hora de ir para Rishikesh, optamos claro por não ficar em um retiro espiritual. Não é isso que buscamos em nossa viagem, conheço muito pouco e não forçaria o Mateus acordar 5h30 para meditar. Mas decidimos ir para a cidade mesmo assim ver qual é. Pensei em fazer umas aulas de yoga para sentir meu corpo um pouco melhor, mas ao chegar me deparei com um lugar totalmente comercial, com uma escola de yoga a cada 3 casas. Não sou praticante, então pouco me importa qual técnica está sendo usada, eu quero é me sentir bem fazendo. E a ideia de me trancar numa sala não me animou.
Nos deparamos com uma centena de gringos vestindo roupas de yoguers, com seus tapetinhos para cima e para baixo, desfilando estilo. Sei que não posso julgar porque não sei qual é o esforço e dedicação de cada um em estar ali, mas ver gente com bambolê e aqueles negócios de girar com a mão que usam para dançar em raves ao lado das cerimônias no rio Ganges me deu uma preguiça danada do lugar.
Se quer buscar a tal espiritualidade de Rishkesh, fique em um ashram por uma semana e não saia de lá, oras. Não vejo muito sentido em ir se não for assim. Acabamos indo porque tínhamos dias sobrando na Índia, mas de longe não buscávamos nada além na cidade. Aliás não sei como as pessoas conseguem se dedicar à estudar e meditar lá, já que o barulho de buzinas dos poucos carros e motos é de tirar qualquer guru do sério, é insuportável. Já os ashrans mais sérios ficam afastados e parece ter uma paz.
Nós estávamos como meros turistas, e o mais perto da yoga que cheguei foi atravessar a sala para chegar em um café. Foi isso que fizemos os 3 dias que ficamos lá: sentamos em um cafezinho, todos bem roots mas muito gostosos, e vimos o Ganges passar, que por sinal lá é bem lindo e limpo. Massagem ayurvédica lá também vale a pena. Ainda estava com dores por causa do trekkking no Nepal, e por 12 dólares tive uma hora de massagem que me salvou.
Mas tiramos uma lição da cidade: ficamos 3 dias sem carne, a cidade é toda vegetariana. Comemos muito, muito bem e ficamos felizes em saber que podemos sobreviver sem carnes (por um curto período, é claro.rs). O restaurante Zorba é uma delícia e menos agitado que o Little Buddha, que também tem pratos ótimos. Não deixe de pedir frutas e cereais de manhã, em todo lugar a porção é para um café da manhã dos campeões!
Como chegar?
Fomos de trem, a partir de Délhi e a viagem durou umas 8 horas e custou 30 dólares (pagamos caro porque compramos de agência). Não encontramos informações claras de como, quando e onde saem os ônibus para lá.